24 de jun. de 1980

O nascimento

Se disser que a minha infância foi dura, vou estar mentindo, se disser que a minha infância foi maravilhosa, também não estarei falando a verdade, minha infância foi comum, com algumas dificuldades como a de todos eu acho.
Nasci em um hospital privado no interior do Rio Grande do Sul, numa das segundas-feiras do inverno de 1980, às 08:30 da manhã, dia frio, o mais frio daquele ano, segundo a minha mãe. Minha mãe era sozinha, havia perdido meu pai em um acidente fatal seis meses antes do meu nascimento, e hoje, mais do que nunca, tenho certeza de que as coisas não foram nem um pouco fáceis para ela.
Como tudo na vida ela poderia ter optado pela saída fácil, ainda no verão de 1980, mas não o fez, mesmo contrariando conselhos de pessoas como uma das minhas avós… Agradeço à mamãe todos os dias, mesmo que apenas em pensamento, se não fosse por ela eu não estaria escrevendo para vocês hoje.
Tenho pouquíssimas lembranças dos meus primeiros anos, não sei se isso é bom ou não, mas tenho quase certeza de que é melhor assim… o que relato dessa época é fruto de estórias que me foram contadas, estórias que eu talvez não devesse ter ouvido, fotos etc.
Como minha mãe havia emigrado de um vilarejo, aqui no RS chamamos de colônia, para a cidade havia uns 5 ou 6 anos, ela estava totalmente sozinha quando nasci, contou com a ajuda de algumas irmãs do meu finado pai, e por fim com o auxílio de irmãs dela mesmo, que acabariam por morar com ela.
Minha mãe sempre se esforçou muito para que eu tivesse tudo o que ela não teve, cresci ouvindo ela falar da minha bem-aveturança e de quanto, tanto ela como os seus onze irmão, haviam passado fome entre uma série de outras dificuldades, que incluíam trabalho pesado nas plantações, a falta de estudo e em alguns casos a falta de vestimentas adequadas. Posso dizer que tive a graça de crescer como uma criança de boa saúde, bem nutrida e vestida.
Minha primeira infância foi sem grandes luxos ou confortos, mas no final das contas mamãe conseguiu prover tudo o que eu REALMENTE precisava.
Ela também sempre se esforçou para que eu mantivesse contato com a família de meu pai, e visitas eram freqüentes, tenho-os até hoje, todos, dentro do meu coração.

Por hora é isso, um abraço e uma viva bem…

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